«A erva da fortuna cresce como por encanto nas orelhas dos políticos, o primeiro-ministro proclama a amnistia para os cucos dos relógios, o degelo nas relações internacionais restabelece o nível das águas nas albufeiras, o ministro da energia esfrega as mãos de contente. Embora o boletim meteorológico seja controlado pelo governo, nuvens cor de chumbo toldam frequentemente o horizonte, os pescadores de águas turvas procuram o alto mar, uma chuva de impostos cai de imprevisto, ah a chuva na primavera, escrevem os poetas.
As andorinhas podem passar livremente a fronteira. Os polícias oferecem grinaldas aos condutores de veículos mal estacionados. O cio invade a assembleia. Os deputados bombardeiam-se com pólen. Um nostálgico do outono argumenta: a primavera de Praga também foi de lagartas nas estradas.»
Jorge Sousa Braga
6 comentários:
Um dia seremos de novo crianças
diferentes
A forma dos poetas abordarem o tempo cronológico, o tempo meteorológico, o tempo histórico poderá ser mais consequente do que todas as outras abordagens - este é o tempo em que os poetas tem um palavra a dizer, em que as palavras dos poetas podem valer mais que discursos de tribunos, comentadores e até da povo que nada ordena!
Um abraço em tempos de inventar
Feliz por te (re)encontrar. E sim, há memórias, mesmo só de pensamentos que pensámos sem expressão verbal, que se não esquecem. E cruzamentos. Jorge Sousa Braga é de cá, um amor de simplicidade.
Toma um abraço amigo Meggy
A palavra é uma arma
Eu não sabia
Tudo depende da bala
E da pontaria...
PASSOS CONTINUA COM A IDEIA DO TSU JÁ SE ESQUECEU DOI ANO DE 2012 O POVO NEM SEMPRE É SERENO ..........
https://www.youtube.com/watch?v=75QsP-UNgJU
Passo, num acaso de gestos muito antigos. Que estejas bem e actuante.
B
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